A proposta de situar a Terceira Travessia do Tejo no chamado “corredor Chelas-Barreiro” é um erro cujos motivos profundos ninguém explicou cabalmente, muito embora o debate já esteja lançado por personalidades de relevo na vida nacional desde 2002, nomeadamente o prof. António Brotas.
A configuração inicial da Ponte, com colossais dimensões (690 mts de vão central), não cumpria os requisitos de vão navegável e altura livre de navegação, exigidas pela APL-Administração do Porto de Lisboa até Maio de 2005; interferia com a operação das 2 pistas da Base Aérea nº6 do Montijo, 01/19 e 08/26; no formato somente ferroviário (2 vias em bitola ibérica e 2 vias para a alta velocidade) custaria no mínimo 2000 milhões de euros.
Na ultima versão conhecida, de Janeiro de 2008, e à medida que se conheceram os problemas da travessia, a ponte foi "encolhida" para caber no preço anunciado (1,2 mil milhões euros), para se adequar à Base aérea nº6 do Montijo e para não arrasar o bairro de Marvila. Mas mesmo com este "encolhimento", a ponte projectada prejudica a manobrabilidade no "coracão" do Porto de Lisboa e a navegabilidade do rio a montante; a operação do futuro cais de paquetes fica afectada em muitas das manobras; o assoreamento no Mar da Palha será uma consequência de mais pilares nesta zona do rio. E mais ainda: a ponte funciona mal para a localização previsível do NAL no Campo de Tiro de Alcochete; na versão também rodoviária, agora projectada, injecta tráfico em Lisboa, quando mais de 50% do tráfego que atravessa a Ponte 25 de Abril para Norte se dirige para os concelhos de Cascais, Oeiras, Sintra, Amadora e Loures; articula-se mal com as plataformas logísticas a construir no Poceirão, na Bobadela, em Castanheira do Ribatejo e ainda com as ligações ferroviárias aos portos de Sines e Setúbal;
Por tudo isto, surge este blog que quer contribuir para a definição da melhor localização possível da TTT, integrando-a numa “Visão” da Área Metropolitana de Lisboa e do Estuário do Tejo, o que implica uma reflexão sobre os respectivos limites geográficos “óptimos”, segundo a perspectiva dos seus habitantes e seus agentes culturais e económicos.
Será feito um esforço para demonstrar que a relação custos-benefício da TTT - ponte ou túnel – dependerá da sua localização e configuração para integrar todos os principais fluxos económicos, redes de transportes e actividades de softpower que caracterizam a Área Metropolitana de Lisboa, considerada, no seu contexto “interno”, e nos enquadramentos Ibérico, Europeu, Atlântico e Global.
Esta reflexão terá a forte participação de investigadores de todas as áreas: engenheiros, economistas, paisagistas, geógrafos, historiadores, juristas e especialistas de relações internacionais. E o debate será apoiado em documentação de apoio sobre os dados fundamentais da questão.
Lisboa merece que a Terceira Travessia do Tejo seja a melhor solução possível. E o país inteiro merece que este investimento na Região de Lisboa respeite o interesse nacional num tempo em que diversas crises se avolumam sobre as nossas cabeças – desde a crise alimentar à crise financeira – em mais um desafio à democracia participativa que todos queremos.
Mendo Henriques
Coordenador do livro O ERRO DA OTA
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